A cirurgia robótica surgiu há um certo tempo, tendo sido aproveitada, em nosso meio, pela Urologia, Cirurgia Digestiva, Cirurgia Pediátrica e Oncologia Cirúrgica, basicamente.
Eu trouxe este método para a Neurocirurgia Brasileira, em novembro de 2011, após treinamento no Winter Haven Hospital, na Flórida.
O método consiste em utilizar um robô para ampliar as possibilidades do cirurgião. Há inúmeras vantagens, tanto para o médico, quanto para o paciente, especialmente considerando-se seu uso em microcirurgia, parte fundamental de praticamente todos os procedimentos neurocirúrgicos.
O robô não é autônomo, isto é, não funciona sem o comando do cirurgião, razão pela qual as cirurgias em que é empregado são chamadas de cirurgias assistidas (com a assistência) por robô.
O cirurgião senta-se ao console, com apoio para os antebraços, e manipula braços que comandam, remotamente, o robô, podendo alternar instrumentos entre os três braços utilizáveis.
Além de ganhar “um braço”, de operar sentado e sem a necessidade de se paramentar, o cirurgião ganhou outras vantagens: o robô possui um filtro de tremor, eliminando o tremor que todo ser humano tem ao ser submetido a procedimentos com magnificação grande (microscopia).
Como se não bastassem as vantagens acima elencadas, o robô ainda propicia algo fantástico: o escalonamento de movimentos. Na prática, estabelecemos um parâmetro no início do procedimento, que pode ser modificado conforme a necessidade durante a cirurgia, que nada mais é do que uma proporção. Uma proporção que se vale dos movimentos pantográficos, que a interação engenharia-medicina traduziu em benefício para o paciente.
Assim, se o cirurgião optar por um escalonamento de 10:1, isto significa que um movimento em sua mão de 1 mm será reproduzido, pelo robô, em 0,1mm. Se o cirurgião fizer um micromovimento de 0,1mm, o robô reproduzirá o movimento em apenas 0,01mm… E assim por diante.
Além dos ganhos de precisão enormes propiciados pela eliminação do tremor e pelo escalonamento de movimentos, o “punho” do robô pode girar 360 graus em todos os eixos, capacidade infinitamente superior ao punho humano, tornando acessíveis locais antes inacessíveis.
Quem ganha com isso? Todos.
O cirurgião, pela comodidade, pela segurança e pela precisão. O hospital, por procedimentos menos invasivos, mais precisos, pela menor estadia hospitalar e pela maior rotatividade. E o paciente, o principal de todos, ganha por sofrer menos riscos, menos tempo de internação, retorno mais precoce às suas atividades, menor chance de sequelas etc.
Os benefícios da cirurgia assistida por robô são ainda mais impressionantes quando se trata de realização de microcirurgias, graças ao filtro de tremor e escalonamento de movimentos, que tornam procedimentos microcirúrgicos complexos, como microanastomoses cerebrais, em procedimentos simples.
Por enxergar todas estas vantagens e pelo fato de a Neurocirurgia ser essencialmente microcirurgia em sua mais pura essência, resolvi fazer a formação no exterior e trazer ao nosso país esta tendência mundial, irreversível, difundida já por hospitais americanos, europeus, japoneses e australianos.
A partir do final de 2011, passei a representar, em nosso país, para a área de neurocirurgia, a Sociedade Mundial de Microcirurgia e Endoscopia Assistidas por Robô (RAMSES). Esta sociedade não tem fins comerciais nem visa lucro, tendo em sua missão difundir os benefícios do uso do robô para transcender a capacidade humana e auxiliar pacientes antes desenganados, através de trabalhos científicos.
A sociedade estabeleceu parcerias com renomados centros de pesquisa, tais como MD Anderson, Université de Strasbourg, Université de Paris-Sorbonne, Mayo Clinic, entre outros.
Como um dos resultados, em abril deste ano realizamos intensa atividade de pesquisa na Université de Paris-Sorbonne, com desenvolvimento de acessos inovadores para tratamento de patologias do plexo braquial.
No vídeo acima pode-se ter uma ideia do funcionamento do robô.