A espondilólise refere-se a uma fratura na chamada parsarticularis, ou seja, na articulação entre duas vértebras contíguas, sendo mais frequente na articulação de L5, devido a características específicas deste segmento.
A fratura leva a um quadro de instabilidade da coluna, principal eixo de sustentação do organismo.
Imaginava-se antigamente que a espondilólise era congénita, devido a um defeito de solidificação da vértebra ainda na vida embrionária. Estudos recentes demonstram, no entanto, que a espondilólise está relacionada a atividades físicas com hiperextensão extrema, de forma repetida (muito frequente em atletas de luta greco-romana, por exemplo).
O quadro inicialmente é caracterizado por dor local, usualmente refratária ao tratamento conservador, consequência do movimento anormal presente no segmento devido à fratura.
A espondilólise pode evoluir com uma complicação: a espondilolistese (escorregamento vertebral). Isto se deve ao fato de as vértebras envolvidas terem perdido os mecanismos que as mantém na posição correta, dentre os quais o mais importante é a articulação, que está fraturada.
A espondilolistese pode se manifestar com dores no trajeto do nervo ciático, por vezes migratórias, ou com claudicação neurogênica.
A claudicação neurogênica é uma condição clínica que leva o paciente a déficits neurológicos transitórios. Por exemplo: um paciente que tenha claudicação neurogênica nos membros inferiores pode requerer várias “pausas” para poder andar dois quarteirões. Isto porque à medida que caminha as raízes nervosas vão sendo pressionadas nos forames (orifícios por onde as raízes saem da coluna em direção aos membros) ou no canal medular (longo canal que se inicia no pescoço e segue até a região glútea e que contém a medula e as raízes nervosas). Este microtrauma acaba levando a uma diminuição da função normal das raízes, que se manifesta clinicamente como uma sensação de perda de força ou um “peso” nas pernas. O paciente tem, então, que realizar uma pausa de poucos minutos, após os quais a força retorna integralmente e a caminhada torna-se novamente possível, iniciando-se novo ciclo.
O tratamento da espondilólise é cirúrgico e, quando sem complicações, pode ser realizado por via minimamente invasiva.
Se houver espondilolistese ou compressão dos forames ou do canal medular associados, a análise deve ser feita de forma cuidadosa, pois nem todos os pacientes podem ser tratados por via minimamente invasiva, sendo necessário para alguns a cirurgia convencional, aberta.